O Brasil assistiu esta semana a um espetáculo constrangedor protagonizado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Em vez de agir como líder de um dos poderes da República, ele resolveu encenar um rompimento pessoal com o líder do PT, Lindbergh Farias, como se comandasse um clubinho de amigos ressentidos. É a infantilização completa da política, um vexame institucional e uma demonstração pública de despreparo.
A Câmara não é o recreio da escola. Não é lugar para quem faz beicinho quando alguém o contraria, nem espaço para rompantes emocionais de quem não entende que a função exige maturidade. Quando o presidente da Casa anuncia que “não conversa mais” com um líder partidário por ter se sentido criticado, ele rebaixa a instituição ao nível de briguinha adolescente. E, pior, mostra ao país que confunde a presidência da Câmara com uma extensão de seu ego.
A justificativa de Motta é tão frágil quanto sua reação. Ele alega ter sido alvo de comentários duros numa reunião interna do PT, como se discordância política fosse ofensa pessoal. Em vez de responder com firmeza, esclarecer fatos ou simplesmente ignorar a espuma, escolheu o caminho mais imaturo possível, anunciando rompimento e colocando a própria Câmara como refém de sua suscetibilidade.
É exatamente esse comportamento que desgasta o Legislativo. Quando um presidente da Câmara usa a cadeira para resolver picuinha pessoal, ele não atinge só Lindbergh. Ele humilha a instituição que deveria proteger. Ele sinaliza que acordos, pautas e articulações podem ser sabotados não por divergências políticas, mas porque ele acordou magoado.
O pior é que o gesto vem embalado por um cálculo político evidente. Ao romper com o líder do PT, Motta tenta transformar críticas legítimas, especialmente sobre sua condução do PL Antifacção, em ataque pessoal, desviando o foco de suas próprias decisões. É uma manobra conhecida, a velha tática de criar crise para parecer vítima. Mas é também perigosa, porque mistura vaidade com poder institucional.
Enquanto isso, Lindbergh Farias, mesmo criticando a postura de Motta, manteve o óbvio, que política se resolve com diálogo, não com rompantes emocionais. A diferença de postura evidencia quem está pensando no país e quem está pensando no próprio umbigo.
Hugo Motta parece esquecer que presidir a Câmara exige estômago, não suscetibilidade. Exige cabeça fria, não pavio curto. Exige grandeza, não vaidade ferida. Quando a segunda maior autoridade política do país reduz a Casa a um palco de briguinha pessoal, ele presta um desserviço à democracia.
POR DIEGO LIMA E FELIPHE ROJAS




