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Renan Calheiros chama Hugo Motta de “bobo da corte” ao expor jantar onde o verdadeiro poder decide sem o presidente da Câmara

Foto postada por Renan Calheiros, sem Hugo Motta

O senador Renan Calheiros lançou uma das críticas mais duras já dirigidas ao presidente da Câmara, Hugo Motta, ao comentar a foto em que aparecem o relator do PL Antifacções, André Derrite, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira e o ex-presidente Eduardo Cunha, figura histórica do centrão e mentor político de Motta. Na postagem, Renan escreveu que “eles dividem a mesa na corte, mostrando quem manda e quem é o bobo da corte, ausente na foto”, num ataque direto ao deputado paraibano, que, apesar de ocupar o cargo mais poderoso da Câmara, não estava presente no encontro onde, segundo o senador, as decisões reais estavam sendo tomadas. Renan ainda afirmou que “os quatro rabiscos ruins do relator na Câmara têm foco único e inaceitável: minar a autonomia da Polícia Federal e blindar condenados e investigados”.

O contexto da imagem amplifica o impacto da crítica. Enquanto Derrite, Lira e Cunha debatiam em um jantar reservado a política criminal, articulações legislativas e os rumos do PL Antifacções, Hugo Motta, presidente da Câmara, estava de fora da mesa que, na leitura de Renan, é onde o jogo pesado acontece. Para o senador, a ausência de Motta na foto representa a relação real de poder: quem manda está sentado; quem obedece não é convidado. E é aí que ele carimba Motta como “o bobo da corte”, alguém que ocupa o cargo, mas não tem o comando. Renan sugere que, enquanto Motta corre para tentar aprovar projetos polêmicos, como a anistia aos condenados do 8 de janeiro, mudanças no relatório do PL Antifacções e iniciativas que ampliam prerrogativas parlamentares, quem dita as regras continua sendo Lira, Derrite e Cunha.

Renan já havia atacado Motta em outras ocasiões, afirmando que “nem Severino foi tão fraco”, numa comparação com Severino Cavalcanti, cujo mandato na Câmara virou sinônimo de fragilidade política. Agora, porém, o senador sobe mais um degrau ao associar a imagem à ideia de que Motta não tem voz nem autoridade dentro do próprio bloco que deveria liderar. Segundo ele, o presidente da Câmara se limita a cumprir ordens e empurrar para frente pautas feitas sob medida para atender interesses de investigados e condenados, enfraquecendo a autonomia da Polícia Federal e distorcendo o debate sobre segurança pública.

A frase “bobo da corte” caiu como uma bomba nos bastidores de Brasília. Deputados próximos a Motta admitem, nos corredores, que a foto incomodou porque reforça a tese de que o presidente da Câmara, apesar do cargo, não comanda o centrão como Lira comandava. Já adversários enxergam no ataque de Renan a chance de desgastar Motta justamente no momento em que ele enfrenta resistência para colocar em votação o PL Antifacções e a pauta da anistia, ambas alvo de forte rejeição no Senado.

O episódio expõe o conflito aberto entre Senado e Câmara, mas também revela uma disputa simbólica: quem realmente manda no Congresso. Para Renan, a foto responde sozinha. O poder está ali, na mesa ocupada por Derrite, Lira e Cunha. E Hugo Motta, mesmo sendo presidente da Câmara, não faz parte da roda. É o que, segundo o senador, transforma o deputado paraibano no “bobo da corte” da política nacional.

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