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CASO LAVAMEDI: “LAVANDERIA INDUSTRIAL” MILIONÁRIA FUNCIONA EM CASA DE BAIRRO E FATURA R$ 3,2 MILHÕES DA SAÚDE DE CAMPINA GRANDE NA GESTÃO DE BRUNO CUNHA LIMA

Um caso curioso e ao mesmo tempo escandaloso tem chamado a atenção em Campina Grande. A empresa Lavamedi Pro Serviços, Consultoria e Atendimento Hospitalar Ltda, criada em dezembro de 2024, teria recebido quase 3,2 milhões de reais da Secretaria Municipal de Saúde em menos de um ano, apenas para lavar roupas hospitalares.

Enquanto médicos, enfermeiros e prestadores de serviço enfrentam atrasos salariais de meses, a Lavamedi opera em uma residência comum localizada na Rua Clementino Siqueira, nº 464, no bairro Jardim Tavares. O imóvel, segundo registro no CNPJ, não apresenta nenhuma estrutura compatível com uma lavanderia industrial.

De acordo com informações do Sistema Sagres, do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), o Fundo Municipal de Saúde firmou três empenhos milionários com a empresa recém-criada, totalizando 3.215.000 reais pagos ao longo de 2025.

Mesmo instalada em um endereço residencial, a Lavamedi teria conseguido obter licenças ambientais e sanitárias em tempo recorde. O fato levanta suspeitas sobre a regularidade do processo. A empresa pertence à HPE Holding Participações Ltda, uma suposta controladora que também funciona em uma casa simples, na Rua José Elpídio da Costa, no bairro São José. Ambas têm como administradora Elayne Mariano Oliveira, que aparece nos registros oficiais como responsável legal das duas empresas.

Outro detalhe chama a atenção: o CNPJ da Lavamedi indica uma impressionante variedade de atividades. Além de lavanderia hospitalar, a empresa declara atuar com consultoria em tecnologia da informação, publicidade e marketing, pesquisa de opinião pública, gestão empresarial, produção teatral e musical, limpeza predial e até gestão de ativos intangíveis. Ou seja, uma empresa que lava lençóis pela manhã, faz marketing à tarde e produz teatro à noite.

Os registros do Sagres também apontam que parte dos valores pagos à Lavamedi ocorreu sob a justificativa de “reconhecimento de dívida”, termo usado quando não há contrato formal e o pagamento é feito depois, alegando urgência ou execução prévia do serviço. A prática, somada à ausência de licitação e ao volume de recursos repassados em tão pouco tempo, levanta fortes indícios de irregularidades.

Enquanto o dinheiro público flui para a lavanderia milionária, servidores da saúde relatam falta de medicamentos, atraso de salários e unidades fechadas. “A gente trabalha, rala e não recebe. Mas sempre aparece uma empresa criada do nada recebendo milhões. Isso é um deboche com quem está na ponta atendendo a população”, desabafou um servidor ouvido pela reportagem.

Até o momento, a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande não se pronunciou oficialmente sobre o caso, nem esclareceu o processo de contratação da Lavamedi, a ausência de licitação, as licenças concedidas e a relação com a HPE Holding Participações Ltda.

O episódio já é chamado por servidores e membros da gestão de “o escândalo da lavanderia de ouro”. A expectativa é que órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB) e o Ministério Público da Paraíba (MPPB), apurem possíveis fraudes e favorecimentos políticos no uso dos recursos da saúde.

Criada em dezembro de 2024, a Lavamedi opera em um endereço residencial, recebeu 3,2 milhões de reais em 2025, não passou por licitação e mantém ligação com uma holding igualmente suspeita.

 

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