O escândalo envolvendo o Hospital Padre Zé, que já apontava para uma complexa rede de desvio de recursos, ganhou novos contornos após documentos do GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) revelarem que o arcebispo da Paraíba, Dom Delson, pode ter sido beneficiado diretamente pelas irregularidades atribuídas ao Padre Egídio de Carvalho Neto.
De acordo com relatórios investigativos, Padre Egídio teria utilizado recursos do bazar da paróquia — destinados originalmente a ações de caridade — para mobiliar a residência de Dom Delson, localizada atrás da Catedral. Entre os itens adquiridos estão uma cama box de casal e uma geladeira, conforme mensagens interceptadas que detalham o pedido feito por Egídio a Samuel Segundo, seu colaborador próximo.
A relação de confiança entre Padre Egídio e Dom Delson, segundo as investigações, levanta suspeitas sobre o grau de conhecimento do arcebispo a respeito da origem dos bens. Além disso, o envolvimento de Amanda, responsável por pagar boletos usando recursos do bazar, reforça as evidências de que o fundo destinado à caridade foi desviado para fins pessoais.
Essas acusações colocam Dom Delson em uma posição delicada. Até o momento, o arcebispo optou por não se pronunciar publicamente sobre as denúncias. No entanto, o silêncio diante das graves revelações levanta questões: estaria Dom Delson ciente da origem dos móveis e eletrodomésticos que chegaram à sua casa? Por que, mesmo após a eclosão do escândalo, não houve nenhuma explicação ou medida concreta para esclarecer os fatos?
A Igreja Católica, que já enfrenta uma crise de credibilidade por conta de outros episódios controversos, vê-se novamente envolta em questionamentos éticos. O caso abala não apenas a imagem de Dom Delson, mas também a confiança da comunidade religiosa na transparência e na moralidade de seus líderes.
O que se espera, diante da gravidade das denúncias, é que Dom Delson rompa o silêncio e se posicione de forma clara, prestando esclarecimentos e assumindo responsabilidades, caso se confirmem os indícios apresentados. Perguntar não ofende: até quando o arcebispo se manterá alheio às acusações, enquanto o escândalo compromete ainda mais a reputação da Igreja na Paraíba?